Hoje em nossa coluna #PaiqueEntraNaDança, Guga Ferri fala sobre a vida de casal depois dos filhos❤. Passado o dia dos namorados fiquei pensando como o relacionamento entre mim e minha esposa foi mudando ao longo do crescimento da minha família. Três filhos, dez quilos e quase quatorze anos depois, permanecemos juntos. Unidos e próximos, mas diferentes do que fomos quando namorados, evidentemente. Lembro-me de quando nossa primeira filha nasceu - a Nina - da sensação paradoxal que vivia a me acompanhar: como estávamos próximos, eu e Tati, nos cuidados que dedicávamos ao nosso bebê e distantes em nossas trocas como casal. Não éramos um casal, éramos sócios, apenas - eu pensava. Peito-fralda-papinha-sono-grana-fralda-banho-troca-peito-fralda-louça-supermercado-febre-grana-tosse-banho-fralda-peito-papinha-farmácia-lencinho-fralda-peito-diarréia-grana-assadura-brotoeja-pediatra-farmácia-supermercado-banho-fralda-peito... ações infinitamente repetidas, ao quadrado vezes dois!
Passar fins de semana inteiros sem sair de casa, de pijama, sem conseguir tomar banho, louça empilhada na pia, gosto de Cabo de guarda-chuva na boca, privação de sono, hormônios femininos em frenesi... que loucura! Cadê a gente? Casal que se ama. Namorar era tão bom... será que acabou?
Esse momento, entre todos os episódios difíceis que passamos em nosso casamento, foi o único em que eu pensei em me separar. Ela também, me disse depois. Não era falta de amor. Nunca foi. Era a turbulenta adaptação da gente como casal à nova configuração da vida ao longo do puerpério. E ele não dura apenas 40 dias, como querem nos fazer crer. Ele é um longo e intenso processo de adaptação à chegada dos filhos. E não sobra nada que não mude de lugar. Um dia, sei lá, nem lembro, estávamos juntos novamente. À dois, apenas nós, no romance. Não aqueles lá, os mesmos. Agora outros. Mais nós do que antes. Agora dois adultos, pais de uma menina. Novamente um casal. Enfim, a tempestade passa. Tivemos mais dois meninos. E hoje, enquanto escrevo, estamos saindo pela primeira vez sozinhos de viagem sem o Manu, de dois anos e meio. Nosso terceiro puerpério superado com muito amor e, sobretudo, cumplicidade. 📷 Sofia Colucci Fotografia