Não há amor sem cuidado. Sobre ter filhos pequenos: percebo que ainda paira entre os homens uma ideia equivocada de que cuidar e amar são coisas que podem andar separadas. Algo como "amo estar com o meu filho, mas não gosto de trocar fraldas". Ou "não levo jeito para isso", "não sei cozinhar", "não consigo fazê-lo dormir", "sou desajeitado para dar banho" etc. Ora, quando pensamos no dia-a-dia com um bebê em casa, de quais as suas necessidades fundamentais e possibilidades de interação com o outro, é fácil perceber que são nos cuidados que ocorrem, de fato, o que há de mais importante no relacionamento e entre pais e filhos: criação e fortalecimento de vínculo afetivo.
São nesses momentos que se constroem confiança e admiração. A segurança do amor dos pais... é olho-no-olho. Se você não pode trocar fraldas, não o acolhe em seu choro, não participa do banho... O que sobra então para exercer a paternidade? Não à toa tantas crianças pedem só pelas mães ao sentirem-se inseguras... Não por acaso, algumas vezes tem mais intimidade com suas babás do que com seus pais. É preciso reconhecer que não basta um sorriso fofo e um aperto nas bochechas. Não é suficiente fazer selfies e carrega-los no colo andando no shopping center, desfilar com os pequenos nos braços, enquanto o bebê sorri, bem humorado. O que verdadeiramente dará a dimensão do afeto é o cuidado diário, é a sinalização de que estamos prontos para acompanha-los e ampara-los a todo tempo, em qualquer situação. É na paciência com as cólicas, na delícia do colo, na dificuldade de privação do sono e, claro, nos beijos demorados e abraço apertados. A repetição dessas experiências de cuidado cotidiano, dará por fim, ao bebê, a confiança em que estaremos juntos sob qualquer circunstância, e estarão acolhidos em suas necessidades. Desta forma poderão, portanto, estar seguros de nossa presença e amor. Lembrando sempre que, quando não assumimos os cuidados com nossos filhos, sempre há alguém que terá que fazê-lo. Na imensa maioria das vezes, a mulher, mãe da criança. Sobrecarregada pelo excesso de demandas, pela falta de parceria, pelas inúmeras dificuldades do puerpério. E o pior: na ausência de quem provenha tais cuidados aos bebês, essa falta pode vir a tornar-se um imenso buraco de afeto, baixa autoestima, insegurança. E a falta de cuidado é sentida como falta de amor. Se não é fácil para nós, imagina para os pequenos. Pai que ama tem que cuidar. Texto: Guga Ferri para a nossa coluna Pai Que Entra na Dança 💕 Guga é companheiro da Tatiana Tardioli, pai da da Nina, do Gil e do Manu.