Com o tema da Violência Obstétrica ganhando cada vez mais espaço de discussão, somado proposição de leis nacionais que regulem positivamente o tratamento dado às gestantes e mulheres em trabalho de parto ficou cada vez mais comum nos depararmos com os casos de mulheres que já passaram por experiências insensíveis durante o pré-natal, parto e pós parto.
Em Manaus, a coisa não é diferente. A cidade estatisticamente 40% de nascimentos cirúrgicos, enquanto a recomendação mundial é de 15%. Um dos indícios de más práticas para o atendimento às gestantes, uma vez que a cirurgia cesariana deveria ser criteriosamente indicada. Nos partos vaginais, as dores também vão além do parto.
Nesse cenário, viemos apresentar uma professora da Dança Materna que está fazendo história na cidade, na luta pela humanização dos nascimentos e atendimento estendido às mães e bebês. Thati Gobeth é mãe de dois, e trilhou um caminho parecido com a maioria das mulheres na hora de receber seu primeiro filho. Ainda muito jovem e sem informação, teve a primeira filha através de uma cirurgia desnecessária. Mas mesmo tendo passado por uma experiência desagradável com isso, entregou-se intiituvamente ao maternar com muito colo, amamentação e apego ao seu bebê.
Quase duas décadas depois, na chegada do segundo filho, viu-se novamente nas mãos de um profissional que não seguia as recomendações básicas para a saúde de mãe e filho: e quase passou por outra cesárea mal indicada. Dessa vez, mais informada e contando com a ajuda do marido e uma doula teve seu bebê de parto, como sonhava.
"Minha bolsa rompeu às 4h da manhã e o Danilo nasceu às 12:42h. Foi lindo e emocionante, a pediatra chegou a se emocionar, tao raro ver uma gestante em TP. Ele nasceu com apgar 10/10 e fui respeitada de acordo com meu plano de parto."
Essa experiência aproximou Thati de sua potência como mãe e cidadã. E hoje ela é uma das manauaras atuantes na luta pelo empoderamento feminino e respeito no atendimento ao parto, em um cenário ainda tímido, nessa cidade que já foi chamada a "Terra da Violência Obstétrica".
"Nosso movimento tem o intuito de empoderar essas mulheres, encorajá-las e, acima de tudo, mostrar que elas podem ser as protagonistas. O papel é de esclarecimento mesmo, mostrando o cenário e todas as opções. A Dança Materna é uma continuação do trabalho que começa na gestação. É um projeto de conscientização. De proporcionar um olhar cuidadoso às mães do pós-parto sob os aspectos físicos e emocionais."
A ótica do cuidado, do afeto e do respeito no tratamento às mulheres e seus filhos dentro e fora da barriga é um dos pilares claros de trabalho de Thati e de todas as professoras da Dança Materna. Temos a certeza de que é nossa missão difundir boas idéias através de práticas e vivências. E assim, disseminar essa nova cultura.
"Eu me sinto totalmente inserida nessa luta", diz Thati.